É uma espécie de guerra fria, só que na Ásia. E no espaço. Estamos discutindo essa corrida espacial não declarada na Ásia nos últimos tempos e a China, é claro, não tem planos de ficar atrás.

Semanas após o Japão lançar seu satélite na órbita lunar os chineses lançaram, ontem, sua primeira sonda ao espaço sideral. A Índia deve lançar uma missão similar em abril do ano que vem, e os EUA também planejam fazer o mesmo em 2008. Haverá um trânsito espacial, problema que será discutido mais ardentemente pelas gerações futuras.

O lançamento da sonda Chang I 1 (assim como no caso japonês há um porque do nome: na mitologia chinesa "Chang E" é considerada a deusa da lua) foi transmitido pela CCTV (a TV Estatal Chinesa) e aconteceu a partir da província de Sichuan, onde está localizado a base de Xichan. Essa sonda deve ficar explorando a lua por um ano e tem previsão para entrar em órbita lunar em 12 dias, transmitindo na metade do mês que vem suas primeiras fotos.

Tudo isso faz parte de um plano mais ambicioso que teve seu 'pontapé oficial' em 2003, com o primeiro cosmonauta chinês dando volta no espaço e retornando a terra. Nas próximas 2 décadas os chineses devem se firmar como uma potência espacial com missões programadas para retirar amostras da Lua e depois até mandar um cosmonauta para lá.

Sobre isso temos de ponderar que há grande receio internacional em relação ao poderio espacial chinês e não se trata somente de quem está perdendo nessa corrida. Em janeiro a China destruiu um de seus satélites espaciais aqui da terra e causou temor quanto aos seus objetivos, que eles alegam serem totalmente pacíficos.

Como Hu Jintao reforçou na semana passado durante o 17º Congresso do Partido Comunista a China deve focar no "desenvolvimento científico" e, claro, projetos espaciais devem ser ajudados. Para se ter uma idéia nessa missão foram gastos US$186 milhões, a maior verba chinesa destinada ao programa espacial chinês.

A CCTV exibiu um especial de 7 horas sobre essa missão e o projeto espacial do país e, mais que apenas orgulho nacional e prestígio internacional a China quer garantir um futuro para sua economia e mostrar seu crescimento, deixando de ser um país a produzir apenas produtos de baixo valor agregado.

"O projeto Chang E é apenas uma parte do plano estratégico chinês para ciência e tecnologia, defesa e segurança nacional. A China vai continuar com seus planos espaciais, não importando quantos obstáculos terá no caminho" disse o especialista Wang Xiangsui. É mais um episódio de tantos outros e que já está abalando a comunidade internacional.