Entre os dias 12 e 13 deste mês aconteceu o 3º Diálogo Econômico Estratégico China-EUA em Xianghe, cidade próxima à Beijing. É a maior potência econômica do mundo conversando com a maior potência econômica em desenvolvimento e juntas representam metade do crescimento econômico mundial. Esse tipo de encontro é recente, começou somente no ano passado e tem como objetivo aprimorar o diálogo estratégico principalmente no campo econômico. Alías, faz parte da diplomacia chinesa manter esse tipo de encontro bilateral, assim é com o Brasil, UE e África por exemplo.

A comitiva americana foi liderada pelo secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, e, do lado chinês, pela vice-primeira-ministra, Wu Yi. Em pauta entrou o déficit norte-americano (US$ 234 bilhões e batendo recordes) e o crescente debate sobre possíveis protecionismos no congresso dos EUA.

Sobre esse tema Paulson disse: "As preocupações com os efeitos da concorrência estrangeira, através do comércio ou do investimento estrangeiro, têm levado a um aumento do nacionalismo econômico e dos sentimentos protecionistas em nossas duas nações". Wu Yi se disse muito preocupada com as propostas do Congresso americano e afirmou que, caso isso venha a acontecer, "prejudicará gravemente" as relações entre os países.

1.028 economistas e executivos americanos de mais de cem empresas mandaram uma carta ao Congresso dizendo que não verem sentido em fazer proteção contra os produtos chineses. Mas se sabe que essa pressão também vem de outros países como os da UE quando o assunto entra, por exemplo, na desvalorização do renminbi. A moeda chinesa já valorizou 10% desde que foi desatrelado ao dólar, mas ainda não parece ser o suficiente. O Governo Chinês não cede dizendo que a valorização deve ser gradativa afim de não prejudicar a economia mundial. Seria essa uma desculpa?

Outro assunto que entrou em pauta foi à confiabilidade dos produtos chineses graças, em grande parte, aos problemas com a Mattel. É importante dizer que, em um caso, a empresa americana reconheceu que o problema era o design dos brinquedos, isentando os fabricantes chineses de culpa. No segundo caso o fabricante chinês reconheceu que algumas substâncias usadas estavam realmente fora do padrão. Seria estas acusações exageradas usadas como desculpa por mais protecionismo? O Governo chinês disse que os EUA politizam o comércio para prejudicar a imagem e credibilidade do país. Talvez a credibilidade tenha sido afetada, mas a venda desses produtos com certeza não foi, pelo contrário, aumentou!

Aqui abrimos um parêntese para citar um caso sobre a agressiva e confiante diplomacia chinesa. A comitiva americana recebeu o que de presente em sua chegada? Quem respondeu brinquedos e bichos de pelúcia e está rindo nesse momento está mais que certo.

Outros motivos de atrito é a falta de respeito aos direitos de propriedade intelectual, assim como, ainda segundo os americanos, a desobediência às regras da OMC. Apesar de acusações mútuas os dois países sabem que, cada vez mais, dependem um do outro por isso, tentam não discordar tanto quanto parece.

Alguns acordos como de turismo onde será facilitada a entrada de grupos de turistas chineses para os EUA, assim como permitirá que os Estados Unidos façam propaganda diretamente na China foram assinados. Pode ser considerado um avanço já que os turistas chineses já começam a ser conhecidos como grandes gastadores.

Outro acordo assinado foi para aumentar os controles de segurança de alimentos e remédios chineses exportados para os EUA. Isso vem como uma resposta à desconfiança levantada após problemas com pastas de dentes e comidas para animais.

A próxima reunião deve acontecer em junho do ano que vem na capital americana. De positivo pode-se considerar a própria reunião e sua grandiosidade, pois parece que nenhum país dá um passo sem olhar os pés do outro.