A situação política de Mianmar (ou Burma, como queiram chamar) é delicada, para dizer apenas o óbvio. Mas, desde as manifestações e opressões em setembro do ano passado, quais foram os avanços?

Alguns membros da ASEAN, da qual o país faz parte, censuram a Junta Militar que governa o país. A ONU mandou Ibrahim Gambari para conversar com os militares e qual foi a resposta? Aung Suu Kyi, principal opositora à Junta no país, não poderá concorrer as eleições marcadas para... 2010! O motivo? Ela foi casada com um estrangeiro. (Leia mais na matéria: http://giganteasia.blogspot.com/2008/02/aung-suu-kyi-no-poder-concorrer-em.html )

Postos os fatos na mesa fica bem claro que a Junta Militar de Mianmar praticamente ignora a opinião da comunidade internacional e que, ao marcar as eleições para daqui 2 anos (vale dizer que o sistema eleitoral do país foi banido em 1990 no país) iria encontrar duas opiniões: os que dizem que é um avanço e os que dizem que nada significa. E, assim, a Junta ganha tempo para pensar no que fazer.

Do lado ocidental os EUA e a UE se mostraram decepcionados com os “passos” dados por Mianmar rumo à um modelo com mais liberdade para seus cidadãos. Mas, será que a opinião deles já tem o mesmo peso de outrora quando China e Índia, os maiores parceiros do país, parecem tomar essas atitudes como progresso?

E então entra no jogo a já quarentona ASEAN. Na época em que as repressões aconteceram seus membros foram severos em seus discursos. E agora? O atual secretário-geral Surin Pitsuwan disse que marcar uma data para as eleições já foi um avanço. Somente as Filipinas mantém sua posição para que Aung Suu Kyi e outros prisioneiros políticos sejam libertados e que os direitos humanos tenham melhora.

A Indonésia foi severa, mas não já mantém sua posição tão firme. O que é positivo é que Jacarta lidera um grupo de estudos para formular um setor de direitos humanos independente na ASEAN.

Mas se a posição da ASEAN até agora pode ser considerada até crítica uma grande interrogação surge no futuro próximo. Hoje é Cingapura quem preside a Associação, mas, a partir de julho, será a Tailândia e, historicamente, Bancoc é amiga de Mianmar.

Em 2003 o então Presidente Tailandês Thaksin Shinawatra defendeu em uma reunião da ASEAN mais paciência com o Primeiro-Ministro de Mianmar Khin Nyunt e convenceu os membros a esperar para ver os esforços da Junta Militar rumo à democracia.

Mas, quem acaba de assumir o governo tailandês? Justamente o amigo de Thaksin: Samak Sundaravej. Quando assumiu seu cargo como Ministro das Relações Exteriores Noppadon Pattama já declarou que a situação de Mianmar é um assunto interno. Ou seja, mudanças não devem aparecer pela ASEAN.

A regra de “não-interferência” faz parte da ASEAN e isso só está ajudando, neste caso, a Junta de Mianmar, que seja como for não vê seu poder abalado.