Todos os países do mundo se consideram, em alguma coisa, melhores que outros. O Brasil tem orgulho de seu futebol, a China de sua história, o Egito de suas pirâmides e por aí vai. Todos eles têm as mulheres mais bonitas do mundo. Nada além de particularidades que cada um tem. E, desde muito tempo atrás, antes de eu ou você estarmos nesse mundo os governos de muitos países arranjaram um bode expiatório quando sua economia vai mal, quando há desemprego e tantos outros problemas: o estrangeiro.

Não me darei o trabalho de falar no que essa atitude acarretou nos anos recentes da humanidade, vou falar do que está acontecendo na Malásia nesse momento. É, sem dúvida uma das grandes economias do sudeste asiático e tem uma população de 25 milhões de habitantes, sendo que 2.3 milhões de sua força de trabalho é formada por estrangeiros. Especialistas acreditam que esse número é bem maior devido ao número de trabalhadores ilegais.

Nos países em desenvolvimento muito de seu crescimento depende de mão de obra barata e, os que não tem, atraem trabalhadores de outros países para fazer o trabalho que muitos de lá não fariam. No caso da Malásia os trabalhadores são da Indonésia, Filipinas, Índia, Paquistão, Burma, Nepal e Bangladesh.

Há inúmeras agências de emprego que levam essas pessoas para lá e, em geral, eles pegam empregos que os malasianos não querem fazer. Desde garçons, faxineiros até recepcionistas de hotel e seguranças. E, claro, muitos mulheres viram prostitutas. Mais de 1.000 migrantes chegam no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur diariamente, e outros milhares chegam ilegalmente de barco pelo estreito de Malaca ou por Kalimantam.

Um fato bem conhecido é que a colônia chinesa no país detém grande parte da economia local em suas mãos. Mais de 60% passa nas mãos dos descendentes chineses. Aqui também está um motivo de ressentimento dos locais. Os indianos representam 7% da população do país e sua representatividade é cada vez maior.

Outro fator que dá supostas razões ao governo é o aumento da violência no país. Desde que o atual presidente Abdullah Badawi assumiu o país essa taxa subiu mais de 45%, e quem é mais fá mais fácil de se culpar por isso? Apesar de estatísticas mostrarem que 80% dos roubos são feitos por locais quem respondeu "trabalhadores estrangeiros" acertou.

É interessante ver que o governo da Malásia ameaça expulsar ou tomar medidas severas contra os imigrantes periodicamente. Em 1994 cerca de 380.000 trabalhadores estrangeiros foram expulsos do país somente para, mais tarde, voltarem para fazer o trabalho que os locais não queriam. Outras possíveis ações governamentais será de incentivar o setor de serviços a contratar somente malasianos e até de banir a contratação de estrangeiros para cargos em hotéis e aeroportos.

Mas, pode ser que tudo isso não passe de uma tempestade em um copo de água. Muitos analistas dizem que essa atitude não passará somente de ameaça para ganhar votos para as eleições que se aproxima. De qualquer maneira, seja os imigrantes inocentes ou não, sempre se tornarão um grande lobo expiatório. E em qualquer lugar do mundo.