Anualmente o Pentágono faz um relatório sobre as atividades dos outros países e fala como o governo americano vê isso. E, nos últimos relatórios os americanos dizem que o governo chinês não está sendo transparente sobre o valor que está sendo investido nesse setor. O governo chinês retruca e diz que os americanos erram em supor que a China e seu crescente poderio militar são uma ameaça.

No ano passado o governo chinês já havia aumentado seu orçamento militar em 15% para US$ 40 bilhões (cerca de R$ 67 bi) e este ano anunciou que aumentará ainda mais. Os gastos na área militar devem aumentar mais 17,6% totalizando US$ 58.8 bilhões (cerca de R$ 100 bi).

Porém o relatório americano desmente esses gastos. Segundo o Pentágono no ano de 2007o governo chinês investiu entre US$ 97 e US$ 139 bilhões (R$ 164 e 235 bilhões), ou seja, de três a quatro vezes mais que o declarado.

Fazendo a comparação com o PIB de cada país podemos notar a disparidade entre os investimentos. O PIB chinês do ano passado foi de US$ 3,4 trilhões e foi investido na área militar 1,1% dele. Já os EUA, com um PIB de US$ 11,7 trilhões, gastaram 3,7% dele na área militar, algo em torno de US$ 439,3 bilhões.

Então, se o relatório do Pentágono está correto o governo chinês ainda investiu 3 vezes a menos que os EUA.

Porque esse constante aumento?
Segundo o porta-voz do Congresso Nacional do Povo, o Sr. Jiang En Zhu, o aumento bélico deste ano se deve à correções de salários e a alta nos preços do combustível. O mesmo que foi dito no ano passado exceto que, no final de 2007, o Exército do Povo anunciou a compra de novos uniformes.

Oficialmente o governo chinês diz que sua capacidade militar é somente para salvaguardar sua independência e integridade territorial. Mas, Taiwan não vê da mesma maneira esse termo.

É notório que, caso Taiwan declare sua independência unilateralmente, Beijing está disposta a promover uma ação militar no estreito. Jiang reforçou essa posição e disse que Chen Shui Bian vai “pagar caro” caso continue a defender a independência e o reconhecimento da ilha na ONU.

Então este mês deve escrever os próximos capítulos desse relacionamento. Ainda este mês haverá eleições presidenciais em Taiwan e seus eleitores também participarão de um referendo sobre a candidatura à ONU.

O Kuomingtan é apontado como favorito para as eleições e sua posição é de pacificação e unificação com a China. De qualquer maneira ainda não se pode prever nem o resultado para presidente muito menos do referendo. E, quando os EUA dizem que a China não é transparente em seus gastos militares eles sabem que irão enfrentar uma crise grande caso o referendo seja aprovado já que, em caso se guerra os americanos terão de apoiar Taiwan.

Em um ano tão especial para a China, será que Taiwan irá estragar a festa? Isso não me sai da cabeça.