Este é um assunto que gosto de “estudar”. Não quero ser repetitivo, mas irei falar de novo sobre a relação China/África. Desta vez o país é São Tomé e Príncipe.

O arquipélago é um dos únicos países que ainda mantém relações diplomáticas com Taiwan e, assim sendo, o PCCh cortou seu relacionamento com eles há 10 anos, depois de 20 anos de um bom relacionamento.

Mas Beijing vêm fazendo constantes esforços para se aproximar dos são-tomenses. Primeiro fazendo parte do continente africano, segundo por São Tomé também ser falante de português.

Então, há convites feitos para São Tomé participar como observador no Fórum de Cooperação Econômica China-África, assim como participar dos jogos olímpicos lusófonos em Macau.

No campo econômico há grandes possibilidades de um acordo para exploração de petróleo pela chinesa Sinopec. Junto com a Addax Petroleum, a Sinopec quer investir US$ 73,8 milhões em uma área de exploração conjunta entre São Tomé e Príncipe e Nigéria.

E o petróleo tem mais peso ainda se levarmos em conta que Angola, país também falante de português, rico em petróleo e com cada vez maior importância política na região, que apóia a aproximação chinesa.

Até o presidente são-tomense, Fradique de Menezes, que ainda defende que a relação de seu país com Taiwan está sendo boa, admitiu que tudo pode mudar em breve. Ele disse: "Não tenho um oráculo qualquer para adivinhar que amanhã vamos terminar (relações) com este e começar com outro. Vamos ver o futuro das relações com a China e com Taiwan”.

Internamente, essa corrente “pró-China” também tem o apoio do principal partido da oposição são-tomense, o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social-Democrata (MLSTP/PSD) que já até levou em 2005 membros do PCCh para congressos do partido.

Me parece inevitável que a “pressão discreta” chinesa tenha efeito ainda este ano em relação à São Tomé. Caso o atual presidente taiuanês, Chei Sui Bian, perca as eleições e o referendo popular sobre a entrada de Taiwan na ONU, acho pouco provável que São Tomé não reate seus laços diplomáticos com Beijing, renegando Taipei. Chamem de “neo-colonização” ou não, São Tomé não deverá ficar “isolada” por muito tempo.