A Ásia ainda é um continente com diversas questões de fronteira questionadas e tantas outras disputas. Seja entre Tailândia e Camboja, ou ilhas disputadas entre Japão, China e Rússia. Bom, uma das maneiras de previnir problemas futuros similares é a cooperação em diversas frentes e em 1995 surgiu no sudeste do continente um interessante palco de discussão: a Comissão do Rio Mekong, formado por Cambodja, Laos, Tailândia e Vietnã, tendo também como parceiros China e Mianmar.

O Mekong tem cerca de 1535 km, sendo o 13º mais longo do mundo, e o 10º em volume. Ou seja, não é pouca coisa. Nasce lá no Tibete, percorre a província de Yunnan, chega em Mianmar, Tailândia, passa por Laos, Camboja e acaba no Vietnã. Daí podemos pensar em sua importância numa econômia bastante rural

Afim de pensar em como aproveitar melhor os recursos do rio eis que surge essa comissão que teve sua 1ª Cúpula na semana passada com um tema urgente: a queda no nível de água do rio, principalmente na bacia inferior (afetando os 4 países que formam a Comissão).

A "Declaração de Hua Hin", emitida no final das conversas, fala mais sobre o óbvio: colaboração para combate a inundações, melhorias na naveção e estudo de oportunidades conjuntas no rio. Tudo muito bonito para a imprensa ver, mas tem mais embaixo do tapete.

Razões para queda no nível do rio
A resposta mais fácil é culpar a mãe natureza: é a seca que atinge a região. Mas ONGs acusam quem de ajudar nesse problema? A
China, com 3 hidroelétricas, e mais uma em construção, na parte que lhe cabe do Mekong.

É claro que a China nega tal possibilidade e se comprometeu a fornecer mais informações sobre suas hidroelétricas e também maior cooperação na área. No entanto tampouco quer se tornar país-membro pois daí teria de escancarar toda e qualquer informação sobre suas atividades no rio.

Então enquanto mais 11 plantas são estudadas na parte inferior da bacia nós vemos que 75% do investimento da Comissão são feitos fundamentalmente por países não-membros como Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Austrália, Estados Unidos, pelo Banco Mundial e o Banco Asiático de Desenvolvimento.

Assim, abrindo mão de uma posição mais forte na Comissão em nome da fome de energia do país, a China vê sua influência ameaçada. E, claro, quem sai prejudicado é o meio-ambiente e as pessoas que dependem do Rio Mekong para viver. O que nos leva a presumir, baseado nesses e em outros exemplos, que é o desenvolvimento asiático poderia ser mais ambientalmente sustentável, não?