A política na terra do sol nascente parece estar perseguindo algum tipo de recorde: com a renúncia do PM Yukio Hatoyama (do Partido Democrata do Japão) já são quatro Primeiro-Ministros que renunciam com menos de 1 ano no poder desde 2006. Será que o Livro dos Recordes tem alguma marca parecida?

Hatoyama chegou ao cargo quebrando quase 60 anos consecutivos do rival PLD no cargo. E uma de suas promessas de campanha era: retirar as bases militares norte-americanas do país. Aparentemente nada mais justo que um estado soberano decidir internamente sobre o caso, mas não é tão simples assim. 

Hatoyama não é o primeiro PM a querer fazer isso desde 1947 quando EUA e Japão firmaram acordo para a instalação das mesmas e os japoneses renunciaram de se armar tornando-se assim dependente dos americanos na área de defesa.

Mas como mudar a constituição de seu país em um assunto tão delicado especialmente quando essas bases são fundamentais para as pretensões da nação mais bem armada do mundo? Será que os 51% da população japonesa a favor de uma mudança constitucional na área é o suficiente?Para dificultar as pretensões de Hatoyama as tensões Coréia do Sul e Norte cresceram devido ao ataque ao navio sul-coreano Cheonan (alegadamente feito pelos norte-coreanos) e a permanente tensão China-Taiwan que, a qualquer momento, pode se tornar mais séria dependendo dos políticos locais. Ou seja, retórica e justificativas para se manter a base aonde está e como está os americanos e conservadores japoneses tem de monte.

E, pior que isso, o Japão realmente não está preparado para enfrentar, por exemplo, uma Coréia do Norte nuclear se essa for a eventualidade. No máximo poderá se defender de ataques "normais" e não por muito tempo.

Essa realidade então coloca os japoneses entre duas opções na área de defesa: ou continuar com seu plano pacífico e simplesmente aceitar a política norte-americana para a Ásia ou romper com esse plano (o que não seria fácil já que os EUA não desistiriam tão facilmente) e desenvolver seus próprios métodos de defesa. O que, devido as tensões locais, teria de ser um plano muito ambicioso e caro. Não há meio termo para essa questão.

Hatoyama, com o fracasso de sua principal proposta e uma popularidade abaixo de 20%, decidiu então renunciar para não prejudicar a imagem de seu partido nas eleições para a câmara alta do Parlamento em julho desse ano. E, se ele não é o primeiro político a não cumprir o que promete, fica essa lição: não prometa algo que não lhe cabe decidir sozinho.

Enquanto isso lá na ilha de Okinawa, onde 75% dos militares americanos ainda estão locados, os moradores, que correspondem a 1% da população japonesa, continuam reclamando e vendo barbaridades acontecerem. Já os militares dos EUA continuam com direitos quase diplomáticos: qualquer crime que cometam por lá não será julgado localmente e sim conforme as leis americanas.

Cada um pode tirar mais claramente suas conclusões sobre o futuro das bases norte-americanas no Japão agora e se até os próximos PMs do país irão falar sobre o assunto.

Comments (1)

On 9 de fevereiro de 2012 às 22:06 , Lista Telefonica disse...

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