O Bairro chinês de Nova York, o famoso "Chinatown" não é somente a maior concentração de chineses dos EUA, também é a maior do ocidente! O bairro fica localizado ao lado de "Little Italy", tem uma população estimada entre 70,000 e 150,000 e atualmente virou destino de Dominicanos, Porto-Riquenhos, Vietnamitas, Filipinos, entre outros.

Tudo isso começou na metade das décadas de 1840/50, quando comerciantes e pescadores começaram a ir para os EUA, primeiro em pequenos números, depois em números cada vez maiores atraídos pela "busca do ouro" (isso na Califórnia). Apesar de irem com o pensamento de fazer dinheiro rápido, voltar para a China e casar muitos ficaram nos EUA também para trabalhar na construção de, por exemplo, ferrovias.

Com o passar do tempo, os lucros das minas de ouro foram caindo e a competição para achar o que sobrava, aumentando e a mão de obra chinesa, então mais barata que a dos ocidentais, começou a levantar a ira dos americanos, que consideravam que eles estavam roubando seus empregos. A história avança e é por causa da violencia e discriminação que os chineses começaram a se mudar para cidades maiores, onde as oportunidades de emprego eram maiores e a adaptação, no meio de tantos imigrantes, mais fácil.

Um fato interessante de se notar nessa "chinatown" é que, ao contrário de muitos getos de imigrantes, ela se construiu de maneira 'auto-sustentável', muito também devido a cultura chinesa de permanecerem unidos. Com a assimilação dos imigrantes pela sociedade local geralmente esses guetos se dispersam, mas a "chinatown" foi crescendo cada vez mais, com os chineses locais arranjando quartos (geralmente para 5 a 15 pessoas) para os recém-chegados que continuaram a chegar apesar do decreto do ato "Exclusão Chinesa" em 1882.

Um pouco de história
O decreto "Exclusão Chinesa" vale algumas palavras a serem decidadas. Ele durou de 1882 até 1943, e foi a única lei federal americana que excluia imigrantes baseados em sua nacionalidade e, obviamente, representava uma parcela da sociedade que não queriam os chineses por lá. Essa lei não permitia a naturalização de nenhum chinês, mesmo que já estivesse morando nos EUA; também barrava a imigração de qualquer chinês e, por fim, não permitia a imigração de mulheres e crianças de qualquer trabalhador que já morasse por lá. Esse decreto foi se tornando cada vez mais rígido, também para pegar os imigrantes ilegais, e só terminou durante a II Guerra Mundial quando, tal ato contra um país aliado não fazia o menor sentido.

Como seria natual, isso levou também a falta de mulheres na sociedade chinesa americana (para se ter uma idéia eram cerca de 150 mulheres para...7.000 homens!) e isso fez com que eles se fechassem ainda mais, criando associações que ajudava a trazer mais imigrantes ilegais e para as quais todos os cidadões chineses tinham de pagar impostos. Uma grande economia erguida às margens da sociedade.

Foi só depois do fim deste decreto que a comunidade chinesa realmente começou a crescer, primeiro com pequenas cotas e foi com seu aumento em 1968 que a "chinatown" explodiu, invadindo até o bairro de little italy. Claro, temos de considerar que esse aumento veio muito graças aos imigrantes vindos da China Continental, fugidos do regime comunista.

Hoje a "chinatown" é um bairro de alta densidade populacional e que continua a crescer, apesar outra comunidade chinesa também estar crescendo no Queens. Ainda assim é uma atração turística da cidade que oferece inúmeros serviços para seus visitantes.

Museu Chinês nas Américas
O Museu Chinês nas Américas (MoCA em inglês) é o primeiro dedicado a conservar a cultura e memória chinesa no ocidente. Foi fundado com o nome de Projeto História da China Town de Nova York, em 1980, mudando para seu nome atual em 1995. Fica localizado no segundo andar de um antigo prédio no coração de "chinatown" e possui um grande acervo, produzindo muitas exposições interessantes não só para a comunidade mas também para todos interessados no assunto.


Conheça mais no site:
www.moca-nyc.org (em inglês)

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* As fotos dessa matéria foi uma contribuição de Mauro Giaconi.