Entre os dias 3 e 15 de dezembro, como todos sabemos aconteceu na ilha de Bali, na Indonésia, a 13ª Conferência do Clima (COP-13). Os resultados foram satisfatórios ou não? O que podemos esperar para o futuro imediato? E acima de tudo, aqui para nós interessa uma pergunta, qual é o papel da ásia nisso tudo?

A importância do continente fica muito clara ao relembrar que 60% da população mundial está por lá e que, 34% dos gases responsáveis pelo aquecimento global saem de lá. Entre os cinco maiores poluidores mundiais três são asiáticos: China, Japão e Índia. Acrescente a tudo isso o fato de ser uma região em desenvolvimento e ainda pobre e podemos pintar um quadro de grande trabalho e esforço para os próximos anos.

De acordo com um estudo feito pela Civic Exchange e o Instituto de Cingapura para Assuntos Internacionais a China e a Índia sozinhas irão corresponder a 45% do aumento da demanda de energia até 2030, e o carvão e petróleo deverão ser os motores desse aumento, causando impacto nunca antes visto na história.

E os problemas não se limitam aos gigantes asiáticos, a situação no sudeste asiático também não está muito boa. A emissão de carbono na Malásia aumentou 221% desde 1991, o maior aumento entre os maiores poluidores do planeta. A Indonésia, com uma população de 245 milhões de habitantes é a terceira maior em emissão de carbono, atrás somente dos EUA e China. Um dos argumentos desses países, e de tantos outros em desenvolvimento, é que não podem abrir mão de seu crescimento, pois tem de focar na economia para tirar sua população da pobreza. Mas, até onde este é um argumento válido?

Não há dúvidas que os países desenvolvidos são os grandes ‘vilões’ da situação que estamos vivendo agora, mas isso não pode ser justificativa para excluir qualquer país de um esforço global.

Uma das grandes dificuldades e particularidades da Ásia é justamente sua diversidade e disparidade econômica entre um e outro país. Não há dúvidas que é muito mais fácil implementar “políticas verdes” no Japão e Coréia do Sul do que em Cambodia ou Malásia, não é mesmo? Muitas vezes não falta vontade para colocar em prática políticas ambientais, o que falta é dinheiro mesmo.

Agora vamos analisar alguns aspectos do aquecimento global e como isso afeta, especialmente, a Ásia.

Aumento de conflitos políticos e econômicos

Um interessante ponto levantado pela ONU na Conferência de Bali são os efeitos políticos que as mudanças climáticas podem gerar. Segundo relatório divulgado pela ONU essas mudanças podem piorar a situação em zonas conflituosas do mundo como a Ásia Central, Índia, Paquistão, Bangladesh e até na China.

Achim Steiner, subsecretário-geral da ONU, afirma que as tensões entre as populações dos países em desenvolvimento podem aumentar por causa da crescente violência dos furacões, do degelo das geleiras e o conseqüente aumento do número dos chamados "refugiados climáticos" provocados pelo crescimento do nível do mar.

Especialistas consideram que em regiões como o sul da Ásia e o norte da África poderão sofrer com grandes conflitos pois são regiões onde há governos instáveis e problemas com fronteiras e religiosos, aumentando o potencial de crises sociais.

Aumento de doenças

Com o aquecimento do planeta muitas doenças como a dengue e malária poderão aparecer com mais força ainda. Segundo Alex Hildebrand, do escritório regional da OMS em Nova Délhi, mortes por ondas de calor, infartos e patologias ligadas à água já aumentaram.

A OMS ainda lembrou que o aumento da temperatura causou de maneira direta ou indireta a morte de mais de 1 milhão de pessoas desde o ano 2000. Adivinhe a região mais afetada? Ásia e do Pacífico, onde mais da metade dos casos ocorreram. Aqui não custa lembrar que o sistema de saúde da maioria dos países da região deixa a desejar.

O papel da tecnologia

Segundo o professor Hansjurg Leibundgut do Instituto Suíço de Tecnologia a Ásia tem todo o potencial para diminuir o impacto das mudanças climáticas. Segundo ele a tecnologia vai ter um grande papel nessa “nova guerra”. A Ásia tem sol em abundância, vento e terra suficientes para instalar fontes de energia renováveis e ainda possui dinheiro para tanto. Ao menos países como Japão e Coréia do Sul já saem na frente.

Não há dúvidas que a tecnologia é fundamental para fazer uma economia de baixas emissões, mas aqui entra, sem dúvida, a disparidade econômica na Ásia, será que Mianmar, por exemplo, tem dinheiro para implementar tais tecnologias? Aí tem de entrar a ajuda da comunidade internacional.

Controle do desmatamento

Ser pago para a conservação das florestas era um dos desejos da anfitriã Indonésia, que é também tambque restas era um dos desejos da anfitriiorar a situade 1 milhidores do planeta. um dos maiores responsáveis pelo desmatamento no mundo. O Governo da Indonésia partiu da idéia de que muitos países em desenvolvimento, assim como o Brasil e o Congo são, ainda possuem florestas conversadas por não terem passado por um grande processo de industrialização e, portanto, se fossem evitar isso teriam de ser pagos. E, claro, alegam também que não tem dinheiro suficiente para investir em conservação.
No total, as florestas guardam em seus solos 400 bilhões de toneladas de carbono, agora os 190 países presentes em Bali concordaram em fixar um preço por tonelada de carbono economizada. E isso pode ajudar muitas as nações em desenvolvimento, pois nenhuma, com exceção do Brasil, possui um sistema de monitoramento de desflorestamento, entre tantas outras medidas que deverão ser tomadas.

E os biocombustíveis?

Muito se fala que, também pelas constantes altas do petróleo, o combustível do futuro há de ser o biocombustível, que polui menos. De acordo com uma pesquisa feita por cientistas da Universidade de Wisconsin-Madison e divulgada pelo jornal Enviromental Science & Tecnology, entre os 10 maiores países com maior potencial de produção de biodesel, três estão na Ásia. Isso tudo contando com itens como disponibilidade de terras cultiváveis, custos dos insumos e capacidade dos países para criar refinarias.

Em 1º lugar da lista aparece a Malásia com um potencial de volume em bilhões de litros de 14,540 e um custo de US$ 0,53 por litro. Em 2º lugar está a Indonésia com 7,595 de potencial de volume e um custo de US$ 0,49. O outro asiático da lista é as Filipinas, em 8º lugar com 1,234 de potencial com um custo de US$ 0,53.

Apesar de países da região como o Japão já terem começado a incorporar biocombustíveis em seus automóveis, uma pesquisa feita durante a conferência de Bali revela que os principais profissionais no combate ao aquecimento global não acreditam que seu uso possa reduzir sensivelmente as emissões de carbono na atmosfera. De 18 tecnologias ecológicas sugeridas os biocombustíveis foi a mais desacreditada pelos ouvidos.

Apesar do potencial da região, e do mercado como um todo seria essa uma tecnologia fadada a ser esquecida?

Efeitos já estão sendo sentidos

Para ilustrar um pouco mais essa matéria é bom citar alguns efeitos da mudança climática na Ásia. É de ficar se assustar saber, por exemplo, que a cidade de Bangcoc está afundando a um ritmo de aproximadamente 10 cm ao ano. Entre os motivos estão o aumento do nível do mar e o aquecimento global. Ao menos que ações governamentais efetivas sejam tomadas em 2025 a cidade estará entre 50 cm a 1 metro mais baixa.Em 2004 e 2007 enchentes inundaram entre 50 e 65% de Jacarta, causando grandes prejuízos. Em Dhaka inúmeras pessoas perderam tudo que tinham graças à mais enchentes. Na China diversas cidades do sul começam a ter problemas com falta de água, algo que não acontecia há 10 anos.

E o que está sendo feito agora?

No Japão, carros elétricos com autonomia de até 80 km podem ser vistos nas ruas. Na China é mais que comum pessoas andarem de "bicicleta elétrica" onde você tem a opção de pedalar ou de deixar que a bateria, carregada em casa, faça o esforço por você. Na Tailândia o governo começa a incentivar a troca por lâmpadas mais duráveis e estudos apontam que, somente essa pequena atitude, pode abaixar o consumo de energia do país em 10%.

Mudanças maiores como na China também já podem ser sentidas. Em 2005, a utilização de energias renováveis já correspondia a 7,5% da necessidade do país. Usinas de carvão ociosas não param de ser fechadas. A energia nuclear é uma grande aposta para o futuro e, se feitas por grandes consumidores como Índia e a própria China os resultados serão vistos em curto tempo.

Palavras finais

O cenário que está se pintando pode até ser interpretado como catastrófico, mas não é bem assim. Na 13ª Conferência do Clima houveram alguns avanços, sendo o principal a retificação dos EUA na proposta final e também da China, ambos muito reticentes quando se trata de metas de redução. Mas ações tomadas pela UE, por exemplo, que já se impôs metas e agenda para o assunto são animadoras.A Ásia se torna, cada vez mais, consciente do seu papel no mundo atual em diversos setores, inclusive do aquecimento global e isso é fundamental para se tomar ações conjuntas nesse sentido. Porém as empresas estrangeiras, responsáveis por mais da metade da exportação chinesa para nos atermos em um exemplo, também tem de reconhecer seu papel no contexto asiático e não apenas cobrar mudanças e sim colaborando para elas acontecerem.

E você, que teve paciência para chegar até aqui, faça sua parte também, afinal, tudo começa com uma pessoa.

Comments (3)

On 20 de dezembro de 2007 às 00:32 , Anônimo disse...

Em uma conferência mês passado, vi uns mapas interessantes (e assustadores) que ilustram o quanto algumas cidades costeiras inundariam com a elevacão do nível do mar. Infelizmente tem só cidades nos Estados Unidos, mas é interessante, vale a pena ver.
Link:
http://architecture2030.org/current_situation/coastal_impact.html

 
On 20 de dezembro de 2007 às 00:34 , Anônimo disse...

Mais um comentário: adorei a primeira foto...

 
On 20 de fevereiro de 2008 às 20:43 , Anônimo disse...

Que coisa, não?
O Cenário do Fim já está quase perfeito. Agora só falta o protagonista aparecer: o Senhor Jesus Cristo.
Não quero aborrecer mas, quanto mais perto a volta de Jesus estiver, piores serão as catástrofes naturais.