Eu não estava lá, mas ouvi dizer. Thaksin Shinawatra, 58 anos, ex-primeiro-ministro e deposto em 19 de setembro de 2006, desce do avião precedente de Hong Kong (que, alías, tem o Sr. aeroporto) e beijo o solo de sua terra natal.

Comoção. Forte esquema de segurança e aplausos de 10 mil pessoas no Aeroporto de Suvarnabhumi. Depois disso ele é encaminhado para prestar depoimento no Supremo Tribunal. Tensão? Não. Já estava no script. Thaksin fica por lá 20 minutos, paga uma fiança de 250.000 dólares, promete não sair do país, e volta para casa.

E começa mais um episódio na política tailandesa. Thaksin, antes de ser político é um empresário de sucesso. Começou sua carreira na polícia, depois fundou a Shin Corporation (que, se a memória não me falha, foi vendida mais tarde para um grupo de Cingapura) e também a “Advanced Info Service”, a maior empresa de celulares (telemóveis para os portugueses) do país. Começou sua carreira política em 1994 no Partido Phalang Dharma Party e em 1998 fundou o agora extinto Thai Rak Thai (TRT). Mesmo fora da política ele ainda tem grande importância no país e ninguém espera que ele realmente não faça alguma coisa no atual governo.

Ao longo de sua carreira de empresário ele construiu uma fortuna de 73 bilhões de bahts (2,28 bilhões de dólares), mas não foi isso que lhe deu fama internacional. Os holofotes internacionais começaram a lhe mirar quando foi deposto pelo suposto envolvimento em dois casos de corrupção.

Mas Thaksin diz que já se aposentou da política e sua estadia no país tem como objetivo rever sua mulher e seus três filhos (na foto vocês podem vê-lo em uma reunião com a imprensa no Hotel Península. E, esse parênteses é para falar: que filhas bonitas hein Thaksin!). Garantiu que está focado no Manchester City, segunda razão pelo seu sucesso internacional quando pagou 164 milhões de dólares por 75% do time.

Dois jogadores do Manchester City o acompanharam de Hong Kong até Bangcoc e Thaksin revelou planos para o clube, tais como: "securitização" (títulos vinculados à renda da bilheteria, por exemplo) para arrecadar mais fundos. Irá também usar o clube para divulgar o futebol na região através de escolinhas que quer abrir na China e no Japão. Alías, a seleção tailandesa já até foi treinar no campo de seu time.

Os críticos (e eu concordo) são unânimes ao dizer que a Tailândia agora só precisa de paz para continuar seu caminho. Que a volta de Thaksin seja aproveitada para provar, ou não, seu envolvimento em corrupção e assim a democracia e o atual governo sejam fortalecidos.