Faz pouco tempo que fiz uma matéria sobre Hu Yaobang, um dos responsáveis pela revolta da Praça da Paz em Beijing, que está completando 20 anos.

Há também outro político do alto escalão chinês que é "esquecido" por lá e que, depois de 4 anos da sua morte, tem sua auto-biografia publicada.

Zhao Ziyang (赵紫阳) foi Premiêr do país entre 1980 e 87, assumindo o cargo de Secretário Geral do Partido Comunista Chinês de 1987 até 89, quando foi mandado para uma prisão domiciliar.

Assim como Hu Yaobang, o Sr. Zhao era mais "modernista" e queria, por exemplo, lutar contra a corrupção e ineficiência do estado privatizando as empresas estatais. Sugeria a separação do estado do partido e maior liberação para o livre mercado.

Na década de 70 promoveu grandes mudanças econômicas em Sichuan que aumentou a produção da pronvíncia em 81% e assim foi indicado por Deng Xiaoping a fazer parte do Politiburo assumindo grande papel na política chinesa da época.

Mas quando veio as manifestações de 1989 os setores conservadores do PCC o acusaram de simpatizar com os estudantes e aí o mandaram para sua casa onde ficou preso até sua morte em 2005.

Durante esses 15 anos preso Zhao Ziyang foi ajudado por 4 ex-assessores a registrar suas memórias em um gravador e agora tudo isso foi compilado no livro "Prisioneiro do Estado", lançado essa semana em Hong Kong.

Du Daozheng, um desses assessores, declarou: "Zhao Ziyang se sentia responsável diante da nação chinesa, diante da história, diante das pessoas comuns. Não tinha qualquer preocupação quanto à vergonha ou glória que lhe pudesse caber, defendeu a verdade e o povo e se recusou a ceder, tergiversar ou recuar".

Encorajado a escrever Zhao Ziyang relata, por exemplo, como as manifestações de 1989 foram enfrentadas pelos políticos da época e também seu tempo na prisão. Sem dúvida uma grande contribuição para entender a recente história chinesa, não é verdade? Pena que a imensa maioria dos chineses não terão essa oportunidade, uma vez que o livro não vai ser lançado na China continental.