Talvez inspirados pela grande investida contra o Exército de Libertação dos Tigres do Tâmil Eelam (LTTE) por parte do governo do Sri Lanka, o governo das Filipinas atacou e tomou um acampamento na província de Maguindanao (950 quilômetros de Manila) da Frente Moro de Libertação Islâmica (FMLI).

Creio que já falei sobre esse movimento separatista nas Filipinas por aqui, mas esse ataque que matou 30 "rebeldes" inspira mais esse post.

Como sabemos as Filipinas tem maioria cristã e o FMLI pede a criação de um estado islâmico independente em Mindanao. E o islamismo no país é um pouco diferente sofrendo grande influência cristã. Muito interessante.

Originalmente fundado em 1969 o FMLI já obteve certo sucesso em suas reinvidicações quando, em 1996, foi feito um estatuto de autonomia para a região reinvidicada de Mindanao. Uma certa trégua foi acertada com o governo, mas nada que tenha durado muito tempo.


Mas qual vem sendo a política filipina perante esse movimento? Um exemplo que também vem da Ásia pode facilitar nosso entendimento. Desde que "assumiu" o Tibete a China vem "facilitando" a entrada de chineses da etnia Han, maioria no país, o que, hoje, fez com que os tibetanos se tornassem minoria em seu próprio território.

Chamem isso do que quiser, mas é isso que vem sendo feito com a entrada de milhões de fazendeiros cristões na região de Mindanao o que deixou os muçulmanos em minoria.

Mas se a FMLI pode ser considerada moderada há também as alas mais radicais do movimento como a milícia Abu Sayyaf (o "recado" começa pelo nome que em árabe significa algo como "pai da espada"). Essa milícia é acusada pelos EUA de ser aliada de outros movimentos radicais como a Al-Qaeda e Talibã e, por isso, o exército americano trabalha junto com os filipinas no ataque a esses rebeldes.

Uma ação famosa do Abu Sayyaf para conseguir dinheiro foi o sequestro de 21 turistas estrangeiros no ano 2000, resultado: 28 milhões de euros no bolso deles. Claro, já mataram tantos outros.

Nesse ponto não posso deixar de pensar que o problema se tornou maior do que deveria ser. Caso, lá na década de 70, tivessem enfrentado e resolvido essa questão será que o Abu Sayyaf teria surgido? Postergar soluções parece não ter sido uma boa saída nesse caso.

Então essa ação filipina deste fim de semana deixa a sensação do aumento da repressão aos rebeldes e, como sabemos, o resultado será o mesmo de sempre: morte de muitos inocentes.