Prezados amigos, sou fã declarado e assíduo dos filmes coreanos. Há um tempo atrás publicamos aqui uma notícia sobre a crise na indústria das novelas coreanas (http://giganteasia.blogspot.com/2007/09/novelas-coreanas-entram-em-crise.html). Fiquei preocupado. As novelas também fazem parte da cultura que a Coréia exporta com muito sucesso e pensei que a indústria cinematográfica coreana poderia ser afetada também. Então, procurei a opinião de alguém que está lá, vivendo isso no dia a dia. Segue abaixo então o artigo de nossa amiga coreana Lee Su-ji. Espero que gostem, podemos ter outra visão do assunto.

O futuro da indústria cinematográfica coreana
por Lee Su-ji*


Jun Do-yeon teve a honra de receber o Prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes este ano. Esse não é o único exemplo recente de sucesso na indústria cinematográfica coreana. Park Chan-wook ganhou o Grande Prêmio em Cannes em 2004 com seu filme “Old Boy”.

Os diretores Im Kwon-taek de “Chihwaseon”, Lee Chang-dong que fez “Oasis” e “Samaria’’ de Kim Ki-duk também receberam prêmios nos festivais de Cannes, Berlin e Venice.

Nós com certeza queremos continuar a ganhar prêmios pelo bem de nossa indústria cinematográfica e pelos amantes do cinema. Mas, para faze-lo nós precisamos entender porque os filmes coreanos fazem sucesso no exterior. Alguns desses filmes nem são os que fazem sucesso aqui na Coréia, mas fazem lá fora.

O que o mundo gosta nos filmes coreanos não são suas estrelas nem o sucesso de bilheteria. São os diferentes assuntos e uma abordagem diferente que os filmes de Hollywood. Os filmes mostram a condição humana de um ponto de vista bem coreano, mas o público estrangeiro ainda consegue se identificar com os personagens.

Teríamos mais filmes de sucesso se tivéssemos mais diretores talentosos. Mas como os talentos podem ser descobertos e desenvolvidos? Apoiar a indústria cinematográfica requer políticas pertinentes e muito investimento.

A Coréia do Sul é um dos oito países com cotas no campo cinematográfico. Alguns outros países como a França, Indonésia e a China têm métodos de cotas de exibição e leis para a importação de filmes estrangeiros. As cotas na Coréia seguem a proporção de filmes nacionais e o número de dias exibidos para proteger a indústria nacional e para ajudá-la a crescer.

Recentemente houve uma grande controvérsia sobre a abolição dessas cotas entre os EUA e a Coréia. Aqueles contra a abolição das cotas são em sua maioria empresários do ramo. Eles dizem que isso levaria a uma redução nos investimentos nos filmes nacionais.

Aqueles que apóiam a abolição da cota enfatizam que os fãs de cinema têm o direito de assistir o que eles querem. Mantendo as cotas, dizem eles, não necessariamente significa apoiar os filmes coreanos, só ajuda no lucro de algumas poucas grandes empresas do ramo com seus filmes de baixa qualidade, que só focam nas estrelas.

Há algum tempo a indústria cinematográfica parece ter um futuro próspero e isso deve atrair mais investimentos. São boas notícias. Mas, se o dinheiro for investido sem um maior entendimento dos filmes, as coisas só irão piorar. Filmes de baixa qualidade iriam ser feitos e o público só iria ignorá-lo.

E, apesar de todos os prêmios e reconhecimento internacional, alguns críticos tem uma visão negativa da indústria cinematográfica coreana. Dizem eles que os prêmios são superficiais e que a indústria como um todo não é saudável. Recentemente a Megabox, uma das maiores redes de cinema aqui da Coréia, foi vendida para um grupo estrangeiro.

Outro sinal ruim é que somente 6 filmes de 108 lançados no ano passado alcançaram lucro de mais de 50%. O que é pior, o governo está cortando essas cotas devido à um acordo com os EUA. A indústria prevê que somente 7 filmes nacionais serão feitos em 2008.

O que é necessário é fazer o investimento certo nos lugares certos. As pessoas devem entender que a indústria cinematográfica é um bem cultural assim como uma indústria. Para isso, precisamos de investidores que realmente entendem e gostam de filmes, não daqueles que querem dinheiro em curto prazo. Se pudermos fazer isso, a cota não importaria tanto.

Nós não podemos esperar que os investidores privados invistam sem um retorno razoável. Uma política governamental apropriada é necessária. A abolição da cota pode ser inevitável. O Governo então deve sugerir outra política para o crescimento do mercado doméstico de filmes.

Acima de tudo, um apoio para filmes independentes é necessário. Essa é a maneira que podemos realmente apoiar a indústria cinematográfica e achar diretores talentosos que podem ganhar outros prêmios no futuro.

Lee Su-ji é estudante de literatura e lingual inglesa na Universidade Konkuk, na Coréia do Sul. Para contatá-la: skyey11@naver.com