Kuala Lumpur, trânsito onde nenhum carro se move. Buzinas, motos, poluição no ar. A polícia não deixa passar, então as pessoas saem de seus carros, os deixam onde quer que estejam e se dirigem ao centro da cidade. Foi pedido que fossem vestidos de amarelo, a cor da ação civil em todo o mundo, do movimento de liberdade de imprensa e, coincidentemente, também é a cor da realeza da Malásia.

Os principais sites e blogs do país saem misteriosamente do ar, mas celulares e outras publicações na internet cuidam para que está acontecendo naquele momento seja ouvido. Os 40,000 presentes estão querendo dizer alguma coisa, mas porque querem calá-los?

Essas pessoas foram até Istana Negara, o palácio do Rei, pedir mudanças no sistema eleitoral e um fim a corrupção que varre e choca o país. O confronto entre os 9 sultões do país (correspondentes a Governadores) e o governo federal parece estar se aprofundando.

O atual Rei da Malásia e Chefe de Estado, Mizan Zainal Abidin, que é Sultão de Terengganu, ordenou para a guarda real deixar os manifestantes passarem para entregar a petição desejada, apesar da manifestação não ter sido permitida. A delegação liderada pelo líder da oposição Anwar Ibrahim, entregou o memorando para a secretária do Rei e depois a multidão voltou para suas casas.

Os protestos foram liderados por uma organização chamada "Bersih", ou Coalizão para eleições limpas e honestas, que é um grupo que engloba outros 64 grupos da sociedade civil e mais 5 partidos políticos de oposição. As manifestações desse sábado também foram uma 'afronta' ao atual Primeiro-Ministro, Abdullah Ahmad Badawi, que havia declarado que o governo bloquearia qualquer tipo de protesto.

Em um encontro com os líderes da Organização Nacional dos Malaios Unidos, que é o partido que governa o país desde a independência dos britânicos em 1957, Abdullah Ahmad Badawi disse: “Eles estão desafiando a paciência das pessoas que querem um país tranquilo e estável. É isso que estão desafiando, não a mim".

Esses protestos aconteceram graças aos contínuos escândalos de eleições irregulares, e corrupção nos partidos aliados. Os manifestantes apontam as eleiçoes na cidade de Ijok em abril, onde dos 12.000 eleitores cerca de 1.700 não existiam e haviam pessoas de 8 e 107 anos participando.

A possível instabilidade que vem se acumulando no país pode até levar a reviravolta política no país, por um lado se vê os partidos interessados em manter seu poder, do outro aqueles que querem chegar ao poder e eventualmente fazer algo diferente, e, no meio, o povo, que só está exigindo eleições limpas para um país melhor.