Costumava pensar que a história era imutável, que fatos não podem ser mudados, escondidos e negados. No mundo real, não é assim. E, quando se fala sobre os tempos do Japão Imperial e o papel do país na II Guerra Mundial há um grande tabu, seja em setores da sociedade civil ou no governo.

Depois da II Guerra a Província de Okinawa permaneceu sob a administração dos Estados Unidos por 27 anos, até 1972. Lá os americanos estabeleceram diversas bases militares e assim é até hoje. Há, porém, um pedaço da história da província que não está nos livros escolares. Mas, agora, o Governo Japonês aponta para sua correção.

O fato aconteceu ainda no calor da II Guerra quando foi dito aos moradores de Okinawa que eles seriam mortos pelos americanos. Conforme propagado pelo Ministério da Guerra de então, era preferível cometer o suicídio a cair nas mãos do inimigo. Seria uma ofensa até para o Deus-Imperador Hirohito se algum japonês fosse capturado com vida por esses inimigos, por isso, era preferível o suicídio. E foi isso mesmo o que aconteceu nessa província japonesa: um suicídio em massa.

Um detalhe é que esses suicídios ocorreram realmente antes da ocupação americana, com apenas a presença de soldados japoneses na área. Muitos "sobreviventes" afirmam também que havia coerção para o suicídio e não apenas essa "obrigação moral" propagada pelo Império Japonês.

Agora o Ministério da Educação anunciou que irá permitir a inclusão de militares japoneses nesses suicídios em massa nos livros de história. Um avanço para um país que chega a negar que qualquer coisa tenha ocorrido em Nanjing há 70 anos atrás.

Mas, nem a população de Okinawa ficou satisfeita com a correção que entrará nos livros escolares a partir de 2008, afirmando que não esclarece o acontecido por inteiro e, tão pouco agradou um grupo de acadêmicos nacionalistas que lideram uma campanha para apagar dos livros de história essas alusões aos crimes de guerra cometidos pelos militares japoneses. O Ex-Primeiro-Ministro, Shinzo Abe, é uma dos que lideram a campanha.

Toda essa falta de flexibilidade, pelo menos até hoje, já causou alguns transtornos em outros países da área. Entre 2001 e 2006 a China simplesmente cortou seu relacionamento com os nipônicos, pois o então primeiro-ministro, Koizumi, visitava anualmente templos em homenagem a esses criminosos/ heróis de guerra.

O fato de não admitir a existência das "mulheres de conforto" na época das ocupações japonesas em diversos países asiáticos também causou protestos na China e Coréia do Sul há 2 anos. E, acima de tudo, só prejudica as gerações futuras do país que não tem a oportunidade de estudar e entender sua própria história e correm o perigo de até cometerem os mesmos erros do passado.