O Uzbequistão é o país mais populoso da ásia central com 27 milhões de habitantes. Desde 1989, quando conseguiu sua independência da ex-União Soviética quem está no poder é Islam Karimov, de 69 anos.

E, todas as vezes, ele foi eleito através de voto direto. Ele venceu as duas eleições anteriores com esmagadora maioria, 86% e 91% dos votos válidos. E, na eleição desde domingo ele ganhou também, com 88,1% de preferência entre os 16 milhões de eleitores do país que o elegeram para um mandato de mais 7 anos.

Concorrendo também ao cargo de presidente do país, que é rico em reservas de hidrocarboneto e recursos minerais, estavam outros três candidatos que também apoiavam Karimov. Ou seja, os eleitores careciam de opções, para dizer o mínimo. Segundo a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) as eleições foram, em resumo, uma marmelada, todos já sabiam do resultado antes mesmo de começar.

A oposição é inexistente e proibida, políticos que não concordam com Karimov são presos ou forçados ao exílio e o governo de Karimov chegou a reprimir manifestações contra simplesmente matando pessoas, como aconteceu em 2005 na cidade de Andizhan. Alguns ativistas dos Direitos Humanos e a própria OSCE contestaram a própria candidatura de Karimov, já que a constituição do país proíbe mais de 2 mandatos consecutivos.

Então, qual foi o truque? Em 2002 houve um referendo popular que ampliou o mandato presidencial de cinco para sete anos, então, segundo governistas, este seria apenas o 1º mandato. E não é que todos fiquem calados perante isso. A AFP entrevistou alguns eleitores do país que afirmaram que, apesar de não conhecer os outros candidatos, não votariam em Karimov e muitos expressaram o desejo de que ele se aposente.

No poder há 18 anos o povo do Uzbequistão não pode esperar atitudes diferentes de Karimov e devem continuar a ver de 2 a 5 milhões de seus compatriotas fugirem do país em busca de uma vida melhor.