Ao longo dos últimos anos não se pode dizer que a Indonésia não cresceu afinal um aumento em seu PIB de 5,6% em 2006 é, no mínimo, respeitável. Mas, o que é dito é que o país sempre fica atrás se comparado a outros países da região que se encontram no mesmo estágio de desenvolvimento como a China (11,1%), Vietnã (8,2%) e Malásia (5,9%). Contra fatos não há argumentos. Mas algo está acontecendo pois somente no terceiro trimestre do ano corrente a economia da maior nação islâmica do mundo já cresceu 6,5% e a previsão é que feche o ano em 6,3%. Para o ano que vem as previsões são um pouco mais otimistas: 6,8%.

Então, depois de anos ‘estacionada’ o que faz a Indonésia ter seu maior crescimento desde a crise asiática há 10 anos? Em números a produção agrícola foi a que mais contribuiu, seguida pelos investimentos em negócios, incentivo às exportações principalmente de matérias-primas e o consumo privado. Mas o que parece poder sustentar o crescimento do país em médio e longo prazo é justamente o investimento estrangeiro.

Em 2006 o país recebeu US$ 5,9 bilhões em IED (Investimento Estrangeiro Direto). O que é realmente muito pouco se comparado, por exemplo, à China que recebeu US$ 69,5 bilhões. Todavia, somente nos nove primeiros meses deste ano o valor quase duplicou chegando em US$8.54 bilhões. Então a pergunta é inevitável, qual é a razão disso?

Desde 2004 o atual governo de Susilo Bambang Yudhoyono vem tentando abrir e desburocratizar os investimentos estrangeiros no país. Uma nova legislação aprovada no começo do ano já permite aos investidores internacionais maior controle em áreas como de bancos, geração de energia, óleo e gás, companhias de água, plantações, empresas e seguro e farmacêuticas, área da saúde, construção e telecomunicação (essa somente para operadores de tele móveis). O números de setores onde os estrangeiros poderão investir saltou de 11 para 25.

No começo deste mês o Parlamento também aprovou uma lei que irá permitir o governo a fazer três zonas de livre comércio em Batam, Bintan e Karimun, na região das
ilhas Riau. Isso ajudou a remover as dificuldades legais que estavam em vigor até então e com certeza irá atrair mais investimentos na região.

Se espera que essa nova lei facilite, por exemplo, a implementação de um acordo entre Indonésia e Cingapura sobre essas zonas de livre comércio. Ismeth Abdullah, Governador das ilhas Riau, disse que a província tinha 26 acordos assinados avaliados em US$1.7 bilhões esperando por essa nova legislação, sendo que a expectativa para os próximos 5 anos é que o investimento nessa área cresça para US$ 5 bilhões.

É claro, esses números impressionam e também animam, mas nem tudo são flores. Na província de Aceh, em Sabang, para ser mais específico, foi instalado uma zona de livre comércio em 2000, ou seja, há sete anos atrás. E, essa experiência foi um fracasso.
Que a Indonésia está tentando facilitar o investimento estrangeiro não há dúvidas, mas outro fator do aumento de investimentos em seu país é atribuído à problemas na vizinha Tailândia. Desde o golpe militar que tomou o poder no país os investimentos estrangeiros por lá caíram, mesmo que ainda fique na frente da Indonésia, e analistas dizem que foram transferidos para o país vizinho. Azar de uns, sorte de outros. Mas, com a redemocratização em breve da Tailândia, será que os investidores irão voltar ao país, saindo da Indonésia?

Em geral pode-se dizer que a visão sobre a Indonésia está mudando. O combate ao terrorismo, a prisão de muitos terroristas e a ausência de ataques do tipo no país trouxeram tranqüilidade ao país. As reformas governamentais fizeram com que o Banco Mundial colocasse o país em 2º lugar, atrás somente da China, em qualidade nas reformas nos negócios no sudeste asiático.

As reformas feitas por Susilo já começam a ter efeito, mas ainda precisam ser estendidas para leis trabalhistas, por exemplo. Ainda há muito que ser feito para que a Indonésia se faça ‘merecedora’ de um olhar mais atento por parte da comunidade internacional, mas o fato é que eles já estão se mexendo e isso é o começo de tudo.